África do Sul

É um país de contrastes notáveis, com uma história complexa e rica, paisagens deslumbrantes e uma cultura vibrante que lhe valeu o apelido de “Nação Arco-Íris”.

Informação Geral

  • Localização: Situada na ponta mais meridional do continente africano, banhada pelos Oceanos Atlântico e Índico.
  • Capitais: Possui três capitais:
    • Pretória: Capital executiva (sede do governo).
    • Cidade do Cabo: Capital legislativa (sede do parlamento).
    • Bloemfontein: Capital judicial (sede do Supremo Tribunal de Recurso).
  • População: Cerca de 60 milhões de habitantes, com uma diversidade étnica e cultural impressionante, incluindo grandes comunidades africanas, europeias, indianas e mestiças.
  • Línguas: A África do Sul tem 12 línguas oficiais, um testemunho da sua rica tapeçaria cultural. As mais faladas incluem isiZulu, isiXhosa, Afrikaans e Inglês.
  • Moeda: Rand sul-africano (ZAR).
  • Economia: É a economia mais desenvolvida da África e a segunda maior do continente, com destaque para a mineração (ouro, diamantes), serviços e turismo.

História da África do Sul

A história da África do Sul é profunda e multifacetada, desde os tempos pré-históricos até a era moderna.

  • Primórdios e Primeiros Habitantes: A África do Sul é considerada o “Berço da Humanidade”, com alguns dos mais antigos sítios arqueológicos e fósseis humanos do mundo (como a área de Sterkfontein, Património Mundial da UNESCO). Os primeiros habitantes conhecidos foram os povos Khoisan, caçadores-coletores, seguidos pelos povos de língua Bantu (como os Xhosa e Zulu) que migraram para o sul a partir do século IV d.C., introduzindo a agricultura e a metalurgia.
  • Colonização Europeia:
    • Século XV: Os navegadores portugueses, como Bartolomeu Dias (1488) e Vasco da Gama (1497), foram os primeiros europeus a explorar a costa sul-africana, estabelecendo rotas marítimas para a Índia.
    • Século XVII: Em 1652, a Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC) estabeleceu um entreposto de reabastecimento na Cidade do Cabo, marcando o início da colonização europeia permanente. Os colonos holandeses e huguenotes franceses (protestantes) deram origem aos Bôeres (depois conhecidos como Africânderes).
    • Século XIX: A chegada dos Britânicos levou a conflitos com os Bôeres e com os povos indígenas. A descoberta de diamantes (1867) e ouro (1886) intensificou as disputas territoriais e a migração de colonos, culminando nas Guerras Anglo-Bôeres (1880-1881 e 1899-1902), que os britânicos venceram.
  • União da África do Sul e o Início da Segregação: Em 1910, as quatro colônias britânicas da região (Cabo, Natal, Transvaal e Orange Free State) foram unificadas, formando a União da África do Sul como um domínio autogovernado do Império Britânico. Desde cedo, leis segregacionistas foram implementadas para controlar a população negra e assegurar a supremacia branca.
  • O Apartheid (1948-1994): Este foi o período mais sombrio da história sul-africana. O termo Apartheid, que significa “separação” em Afrikaans, foi o nome oficial do regime de segregação racial imposto pelo Partido Nacional (majoritariamente africânder) a partir de 1948.
    • Leis: O Apartheid institucionalizou a segregação em todos os aspetos da vida: moradia, educação, saúde, trabalho, transporte e até relações pessoais. A população foi classificada em grupos raciais (brancos, negros, mestiços/coloureds e indianos), e os negros foram despojados da sua cidadania e confinados a “bantustões” (territórios autoadministrados, mas empobrecidos).
    • Resistência: A resistência interna e internacional ao Apartheid cresceu. O Congresso Nacional Africano (ANC), liderado por figuras como Nelson Mandela, desempenhou um papel central na luta. A repressão do regime foi brutal, com massacres (como o de Sharpeville em 1960), prisões políticas e exílios. Mandela foi preso em 1964 e só seria libertado 27 anos depois.
    • Pressão Internacional: A comunidade internacional impôs sanções económicas e desportivas à África do Sul, isolando o regime do Apartheid.
  • O Fim do Apartheid e a Nova África do Sul:
    • No início da década de 1990, com a pressão interna e externa, o presidente F.W. de Klerk iniciou as negociações para o fim do Apartheid. Nelson Mandela foi libertado em 1990.
    • Em 1994, a África do Sul realizou as suas primeiras eleições democráticas multirraciais, com a eleição de Nelson Mandela como o primeiro presidente negro do país. Este dia, 27 de abril, é celebrado como o Dia da Liberdade.
    • Mandela e o arcebispo Desmond Tutu cunharam o termo “Nação Arco-Íris” para descrever a nova África do Sul, simbolizando a união e a diversidade de todos os seus povos após o Apartheid.

Cultura e Sociedade

A cultura sul-africana é um reflexo da sua história e diversidade.

  • Diversidade Étnica e Linguística: Essa diversidade é a base da “Nação Arco-Íris”.
  • Música e Dança: A África do Sul tem uma rica tradição musical, desde o Gospel e a música Zulu até o Kwaito (um género popular de música eletrónica) e o Amapiano. A dança é uma forma expressiva de contar histórias e celebrar.
  • Culinária: A culinária é uma fusão de influências africanas, europeias e asiáticas. Pratos como o Bobotie (um prato de carne picada assada com cobertura de ovo), o Biltong (carne seca), e o Braai (o churrasco sul-africano, que é mais do que uma refeição, é um evento social) são muito populares.
  • Esportes: Rugby, críquete e futebol são paixões nacionais. A África do Sul foi a primeira nação africana a sediar a Copa do Mundo da FIFA em 2010, um momento de grande orgulho nacional e união.

A África do Sul é um país que continua a lidar com o legado do Apartheid, buscando construir uma sociedade mais justa e equitativa, enquanto celebra a sua rica diversidade e a beleza natural que atrai milhões de turistas.

O Apartheid: Um Período Sombrio na História Sul-Africana

O Apartheid, que significa “separação” na língua Afrikaans, foi um sistema brutal de segregação racial e discriminação institucionalizada que vigorou na África do Sul de 1948 a 1994. Não foi apenas uma prática social de preconceito, mas um regime legalmente imposto, que classificava as pessoas em grupos raciais e determinava onde podiam viver, trabalhar, estudar e até mesmo com quem podiam casar.

Principais Características e Leis:

  • Classificação Racial: Todos os sul-africanos eram classificados como Brancos, Negros (divididos em várias etnias), Coloureds (mestiços) ou Indianos (asiáticos). A classificação determinava o acesso a todos os direitos e oportunidades.
  • Segregação Total:
    • Áreas Residenciais: As leis determinavam “áreas brancas” e “áreas não-brancas”. Os negros eram forçados a viver em “townships” (bairros segregados e subdesenvolvidos, como Soweto) ou “bantustões” (territórios tribais empobrecidos, que o regime considerava como “países” independentes para despojá-los da cidadania sul-africana).
    • Serviços Públicos: Escolas, hospitais, transportes públicos, praias, casas de banho e até bebedouros eram separados. Os serviços para os não-brancos eram significativamente inferiores.
    • Educação: A educação para negros era deliberadamente limitada, projetada para prepará-los apenas para trabalhos manuais.
    • Casamento e Relações: Leis proibiam casamentos e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes.
    • Passeiros (Pass Laws): Os negros eram obrigados a carregar “passes” (documentos de identidade) que controlavam seus movimentos e a sua presença em áreas urbanas designadas para brancos. A falta do passe podia levar a prisão imediata.
  • Repressão Brutal: O regime usava a polícia e o exército para reprimir qualquer forma de oposição, com prisões em massa, tortura, assassinatos e banimentos. Eventos como o Massacre de Sharpeville (1960), onde a polícia abriu fogo contra manifestantes pacíficos, e o Levante de Soweto (1976), onde estudantes protestavam contra a imposição do Afrikaans nas escolas, foram marcos da brutalidade do Apartheid.
  • Nelson Mandela e o ANC: O Congresso Nacional Africano (ANC) foi a principal organização na luta contra o Apartheid. Nelson Mandela se tornou um símbolo global dessa luta. Sua prisão em 1964 (onde passaria 27 anos, a maior parte na Ilha Robben) não quebrou o movimento, mas o fortaleceu internacionalmente.

O Fim do Apartheid:

A combinação de resistência interna (greves, protestos, ações de guerrilha), a pressão internacional (sanções económicas, desportivas e culturais) e a mudança de contexto político global (fim da Guerra Fria) levou ao colapso do Apartheid.

  • Em 1990, o presidente F.W. de Klerk libertou Nelson Mandela e iniciou as negociações para uma transição democrática.
  • Em 1994, a África do Sul realizou suas primeiras eleições democráticas multirraciais, nas quais todos os cidadãos puderam votar. Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente negro do país, marcando o fim oficial do Apartheid e o nascimento da “Nação Arco-Íris”.

O legado do Apartheid ainda se faz sentir na África do Sul, com desigualdades sociais e económicas profundas que o país continua a esforçar-se para superar.


Dicas de Viagem para a África do Sul

A África do Sul é um destino que oferece uma diversidade incrível de experiências.

1. Roteiro e Cidades Principais:

  • Cidade do Cabo: Imperdível! É uma das cidades mais bonitas do mundo.
    • Montanha da Mesa: Suba de teleférico ou faça uma trilha para vistas espetaculares.
    • Ilha Robben: Visite a prisão onde Nelson Mandela esteve detido. É uma experiência poderosa e comovente (reserve com antecedência!).
    • Boulders Beach: Veja os pinguins africanos de perto.
    • Cabo da Boa Esperança: O ponto de encontro dos oceanos Atlântico e Índico.
    • Bo-Kaap: Bairro colorido com uma cultura única.
    • Waterfront V&A: Ótimo para compras, restaurantes e entretenimento.
  • Joanesburgo (Johannesburg – Jo’burg): O coração económico e histórico da luta contra o Apartheid.
    • Museu do Apartheid: Essencial para entender a história do país (reserve bastante tempo).
    • Soweto: Faça um tour pelo famoso township, visite a casa de Mandela e Desmond Tutu.
    • Constitutional Hill: Onde ficavam as prisões e agora é a Suprema Corte.
    • Lion & Safari Park: Para um safári rápido perto da cidade.
  • Parques Nacionais (Safáris):
    • Parque Nacional Kruger: O mais famoso e um dos maiores da África, excelente para ver os “Big Five” (leão, elefante, búfalo, leopardo e rinoceronte). Existem opções para todos os bolsos, desde acampamentos a lodges de luxo.
    • Outras opções incluem o Addo Elephant National Park (perto de Port Elizabeth) e reservas privadas.
  • Rota Jardim (Garden Route): Uma das rotas costeiras mais cénicas do mundo, entre Mossel Bay e Storms River. Oferece praias, florestas, cidades charmosas como Knysna e Plettenberg Bay, e oportunidades para atividades ao ar livre (bungee jumping, observação de baleias).

2. Segurança:

  • A África do Sul tem uma reputação de alta criminalidade, mas isso não significa que seja perigoso para turistas em todos os lugares. As áreas turísticas são geralmente bem patrulhadas.
  • Cuidado redobrado: Evite exibir objetos de valor, não ande sozinho em áreas desconhecidas à noite, evite andar a pé em centros de cidades após o horário comercial e esteja sempre atento aos seus pertences, especialmente em locais cheios.
  • Transporte: Use serviços de táxi credenciados ou aplicativos como Uber. Para se deslocar entre cidades, voos internos são eficientes.

3. Melhor Época para Visitar:

  • Safáris: Inverno (maio a setembro) é ideal para safáris, pois a vegetação é menos densa e os animais se concentram em fontes de água. Os dias são amenos, mas as noites podem ser frias.
  • Praias e Cidades (Cidade do Cabo): Verão (novembro a março) é quente e ensolarado, ótimo para praias e atividades ao ar livre.

4. Saúde:

  • Malária: Algumas áreas de safári, como o Kruger, são zonas de risco de malária. Consulte seu médico sobre profilaxia.
  • Vacinas: Verifique as vacinas recomendadas (ex: Hepatite A e B, Tétano). Se vier de um país com risco de febre amarela, pode ser exigido certificado de vacinação.
  • Seguro de Viagem: Altamente recomendado e essencial para cobrir qualquer emergência médica.

5. Voltagem e Tomadas:

  • A voltagem é de 220/230V. As tomadas são do Tipo M (três pinos redondos grossos), então precisará de um adaptador universal.

6. Moeda e Pagamentos:

  • O Rand Sul-Africano (ZAR) é a moeda. Cartões de crédito são amplamente aceites em áreas urbanas e turísticas, mas é bom ter algum dinheiro para mercados ou locais mais remotos.

A África do Sul é um país de contrastes notáveis, de uma história dolorosa a uma beleza natural e cultural esmagadora. É uma viagem que, para muitos, é transformadora.


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